"É preciso ter o caos em si mesmo para ser capaz de dar à luz uma estrela dançante." (Friedrich Nietzsche).
De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os casos de transtornos de ansiedade aumentaram cerca de 14,9% em dez anos. O Brasil é líder mundial do ranking de diagnósticos da doença. Com as preocupações do dia-a-dia e com o stress que enfrentamos a cada atividade que fazemos, seja laborativa ou estudantil, nosso corpo se sobrecarrega de emoções, e em muitos casos, essas reações químicas do corpo se manifestam em pequenas crises ansiosas.
É perfeitamente normal sentir aquele frio na barriga, as mãos suadas, a pressão mental logo antes de fazer uma prova, ou quando aquela paquera te manda mensagem, faz parte do ciclo da vida. Se sentir ansioso é algo essencial para nossas vidas, o instinto de sobrevivência que levou bilhões de anos para se desenvolver, por meio de gradativas evoluções, nos mantém alerta para ameaças do ambiente externo, cujo único objetivo é te preparar para o pior.
Seria um sonho se a ansiedade fosse ativada somente nos momentos de perigo e tensão! Quando esses sintomas se tornam cada vez mais frequentes na vida da pessoa, esta pode-se tornar um obstáculo difícil de ser superado. No Brasil, mais de 18 milhões de pessoas foram diagnosticadas com transtornos de ansiedade, segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), junto com a depressão, são as campeãs no quesito incapacitação profissional.
O medo de ter crises no trabalho afastam o enfermo da atividade profissional, pois ele sabe que aquele lugar é perigoso, o cérebro dele "disse", mesmo sabendo que não vai acontecer nada no local, a pessoa simplesmente desiste de ir, sendo escravizada pelo próprio cérebro. Depois de um tempo perde a coragem de ir em todos os lugares que antes faziam bem, pois agora, para ela, são uma ameaça. Muitas das vezes, a pessoa entra em depressão por falta de convívio social e a descrença na vida cresce cada vez mais. Na maioria dos casos de transtornos de ansiedade, a depressão também está associada. De acordo com o cientista Ned H. Kalin, em entrevista à revista Galileu, ambas coexistem e há genes em comum que favorecem o desenvolvimento de cada doença. Por quê esse transtorno é tão prejudicial sendo que ele só está em nossas cabeças?
Talvez com uma experiência pessoal possa definir bem o quão prejudicial esta doença se torna: "Eu não consigo sair mais de casa, tudo me dá pânico, eu tenho medo de morrer a qualquer instante, a sensação de perigo iminente não me deixa fazer as coisas que eu tinha mais prazer em realizar. A sensação de insuficiência, de vazio interior, de fraqueza percorre todo o meu corpo, além de lutar contra esse inimigo invisível todos os dias, eu tenho que encarar os sintomas físicos que ele deixa em meu corpo. Meu estômago e meu intestino não funcionam bem, meu pulmão é todo ferrado, e eu nem fumo! Meu sistema imunológico é todo prejudicado porque eu não me alimento direito, o cansaço mental me domina cada dia mais, isso quando eu consigo dormir. Eu simplesmente não aguento mais, eu só queria ser normal."
Parece ser algo da "cabeça'' agora? Garanto que é bem real para quem sente. Infelizmente relatos como esse são cada vez mais comuns no mundo todo, e isso é só a ponta do iceberg para quem passa por transtornos psiquiátricos. Se você conhece alguém que tenha ansiedade, depressão ou qualquer que seja o problema, ofereça uma palavra amiga, uma ajuda nos momentos de crise fazem um bem danado para a pessoa. Procurar ajuda profissional é de extrema importância nesses casos, pois, em certos níveis, pode evoluir, trazendo doenças cardíacas e estomacais como úlceras e gastrites, como mencionado, podendo vir a surgir um quadro depressivo.
Ansiedade e depressão possuem tratamentos eficazes, cada qual para sua especificidade, e cerca de 70% dos pacientes apresentam melhoras significativas após meses de uso. Muitos podem atribuir problemas espirituais, ou falta do que fazer aos problemas psicológicos, porém, a ciência prova que não é isso que acontece, nosso cérebro trabalha por meio de mecanismos de compensação, e quando um desses mecanismos para de funcionar adequadamente, surgem problemas como estes. Jamais julgue uma pessoa que passa por tais enfermidades, isso não é só "uma fase", é uma DOENÇA, ela não vai curar com "Deus" ou com ocupação da mente. Somente ajuda profissional é aconselhável nesses casos, seja com acompanhamento psicológico, ou psiquiátrico.
É de suma importância o conhecimento de tais problemas, pois, só assim, poderemos deixar a ignorância de lado, e começarmos a ser mais humanistas, principalmente em tempos sombrios que podem vir a pairar sobre a nossa sociedade.
Texto: Jefferson Alves (Acadêmico de História -Porangatu)
Comentarios