Swelington de Lima Fonseca9 de mar. de 20173 min de leituraQue o nosso egoísmo se transforme em união Uma grande mente brasileira o geografo Milton Santos disse uma vez que “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une. ” De fato, ele está coberto de razão. O momento político/social em que vivemos, claramente nos apresenta uma polarização que chega a surpreender pelo tom de agressividade dos diálogos, mas não surpreende aqueles que veem o quanto nossa sociedade vem consolidando toda e qualquer forma de segregação ao longo dos anos fascismo, nazismo, apartheid são alguns exemplos de configurações sociais de excluídos e privilegiados que praticamente acompanham a própria história da humanidade.Desde que o primeiro homem se achou melhor que o seu semelhante seja pela força, pela inteligência ou por ser o preferido do deus de sua época, as mais diversas atrocidades começaram a ser praticadas contra os que foram taxados como inferiores, e assim, o animal “racional” chamado homem construiu sua história recheada de escravizações, assassinatos em massa, violência, submissões e explorações, estabeleceu sistemas para legitimar as divisões através de reinos, governos, hierarquias, religiões, classes, castas, raças, gêneros.Apesar de todos os anos de evolução, de diversos pensadores da sociedade, de esforços heroicos de alguns mártires em busca de mudança e de uma sociedade mais justa e menos opressora, pouca coisa mudou, em pleno século XXI toda violência e brutalidade dos instintos mais selvagens do homem em busca de poder e glória, se manifesta na ideia de sucesso de nosso mundo capitalista. É sob o argumento da meritocracia que o homem moderno exerce de maneira mais brutal o seu egoísmo, o seu vislumbre pelas regalias e privilégios que a materialidade do capital pode oferecer, enquanto ignora a fome e a morte do que mora ao lado.Não é uma questão de defender ou criticar um ou outro “ismo”, pois até isso gera conflitos e discussões raivosas e acaloradas. Independente da organização social ou sistema de crenças, é uma questão de empatia e solidariedade, de uma convivência pacifica e harmoniosa, de um bem coletivo acima de nossas necessidades egoístas. É preciso compreender que somos parte de um todo, somos uma única espécie, e vivemos em um único planeta, só isso já bastaria para nos importarmos e cuidarmos do bem estar uns dos outros e da natureza.Recentemente li um texto sobre a cultura Ubuntu uma filosofia de vida africana em que consiste no bem estar e na cooperação da coletividade e me emocionei com a experiência relatada: “Um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Como tinha muito tempo ainda até o embarque, ele então propôs uma brincadeira para as crianças, que achou ser inofensiva. Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí, ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro. As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", imediatamente, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e os comerem felizes. O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou por que elas tinham ido todas juntas, se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"É difícil para nós imaginar que isso fosse possível em nosso país, pois fomos por muito tempo estimulados a exercer uma competitividade voraz, a ver o outro como concorrente ou um inimigo, uma ameaça, alguém que pode sentir inveja de algo que eu tenho ou roubar, fomos acostumados desde cedo a ter um forte apego por nossas posses ou status. E querer qualquer coisa diferente disso se torna coisa de sonhador que insiste em suas utopias.Entender o que nos une e esquecer o que nos separa é o caminho para um mundo mais digno e justo, à medida que formos capazes de sentir a dor e o sofrimento dos outros, à medida que formos capazes de nos alegrar com a felicidade dos outros seremos capazes de construir uma sociedade mais pacifica e harmoniosa. Independentemente de sua fé ou escolha política todos nós ansiamos as mesmas coisas, justiça, segurança, respeito, dignidade, honestidade, e uma vida plena em liberdade, sonhos e amor. Se todas essas coisas são desejo de todos por que não lutarmos juntos para que seja garantido a todos sem exceção de ninguém?
Uma grande mente brasileira o geografo Milton Santos disse uma vez que “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une. ” De fato, ele está coberto de razão. O momento político/social em que vivemos, claramente nos apresenta uma polarização que chega a surpreender pelo tom de agressividade dos diálogos, mas não surpreende aqueles que veem o quanto nossa sociedade vem consolidando toda e qualquer forma de segregação ao longo dos anos fascismo, nazismo, apartheid são alguns exemplos de configurações sociais de excluídos e privilegiados que praticamente acompanham a própria história da humanidade.Desde que o primeiro homem se achou melhor que o seu semelhante seja pela força, pela inteligência ou por ser o preferido do deus de sua época, as mais diversas atrocidades começaram a ser praticadas contra os que foram taxados como inferiores, e assim, o animal “racional” chamado homem construiu sua história recheada de escravizações, assassinatos em massa, violência, submissões e explorações, estabeleceu sistemas para legitimar as divisões através de reinos, governos, hierarquias, religiões, classes, castas, raças, gêneros.Apesar de todos os anos de evolução, de diversos pensadores da sociedade, de esforços heroicos de alguns mártires em busca de mudança e de uma sociedade mais justa e menos opressora, pouca coisa mudou, em pleno século XXI toda violência e brutalidade dos instintos mais selvagens do homem em busca de poder e glória, se manifesta na ideia de sucesso de nosso mundo capitalista. É sob o argumento da meritocracia que o homem moderno exerce de maneira mais brutal o seu egoísmo, o seu vislumbre pelas regalias e privilégios que a materialidade do capital pode oferecer, enquanto ignora a fome e a morte do que mora ao lado.Não é uma questão de defender ou criticar um ou outro “ismo”, pois até isso gera conflitos e discussões raivosas e acaloradas. Independente da organização social ou sistema de crenças, é uma questão de empatia e solidariedade, de uma convivência pacifica e harmoniosa, de um bem coletivo acima de nossas necessidades egoístas. É preciso compreender que somos parte de um todo, somos uma única espécie, e vivemos em um único planeta, só isso já bastaria para nos importarmos e cuidarmos do bem estar uns dos outros e da natureza.Recentemente li um texto sobre a cultura Ubuntu uma filosofia de vida africana em que consiste no bem estar e na cooperação da coletividade e me emocionei com a experiência relatada: “Um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Como tinha muito tempo ainda até o embarque, ele então propôs uma brincadeira para as crianças, que achou ser inofensiva. Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí, ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro. As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", imediatamente, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e os comerem felizes. O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou por que elas tinham ido todas juntas, se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"É difícil para nós imaginar que isso fosse possível em nosso país, pois fomos por muito tempo estimulados a exercer uma competitividade voraz, a ver o outro como concorrente ou um inimigo, uma ameaça, alguém que pode sentir inveja de algo que eu tenho ou roubar, fomos acostumados desde cedo a ter um forte apego por nossas posses ou status. E querer qualquer coisa diferente disso se torna coisa de sonhador que insiste em suas utopias.Entender o que nos une e esquecer o que nos separa é o caminho para um mundo mais digno e justo, à medida que formos capazes de sentir a dor e o sofrimento dos outros, à medida que formos capazes de nos alegrar com a felicidade dos outros seremos capazes de construir uma sociedade mais pacifica e harmoniosa. Independentemente de sua fé ou escolha política todos nós ansiamos as mesmas coisas, justiça, segurança, respeito, dignidade, honestidade, e uma vida plena em liberdade, sonhos e amor. Se todas essas coisas são desejo de todos por que não lutarmos juntos para que seja garantido a todos sem exceção de ninguém?