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Meu Mundo é o Barro

O RAPPA, Banda brasileira criada em 1996 no Rio de Janeiro. Composta por Marcelo Falcão, Marcelo Lobato, Xandão, Lauro Farias, Marcelo Yuka também faz parte da banda mesmo sendo de forma indireta depois do seu acidente ele ficou responsável pela parte de composição.


A música Meu mundo é o barro é o objeto de estudo deste texto. Analisando todo o contexto que ela envolve os elementos socioculturais que permeiam em toda sua extensão. A canção trás uma letra muito forte pautando questões que envolvem o sistema como um todo, desigualdade social, racismo e preconceito com o homem periférico.


A música começa com o diálogo entre dois homens, um deles é o principal personagem da letra, contando sua história e sua vontade de recomeça e vencer na vida. “Moço, peço licença eu sou novo aqui, não tenho trabalho, nem passe, eu sou novo aqui”. Essa palavra “moço” é uma denominação, que ele utiliza para estabelecer um diálogo com a segunda pessoa que está presente na música como ouvinte do seu desabafo. Ele pediu licença para contar um pouco do que sente, e quer a confiança das outras pessoas que o rodeia, ele não tem nada de útil para oferecer, ou que traga dignidade a sua pessoa como trabalho que é algo essencial no regime que nós vivemos. Não se encontra em uma camada social privilegiada, que seja adequada para os valores universais impostos pela classe dominante.


“Eu tenho fé, um dia vai ouvi fala de um cara que era só um Zé, não é noticiário de jornal, não é”. Quando ele diz que tem fé, mesmo em meio a tantas dificuldades, que ele já enfrentou e vai ter que enfrentar ainda, para mostra a sua vontade de dá a volta por cima, e prova que ele também pode ser um cidadão digno, assim como as outras pessoas, dizendo de grosso modo “tocar sua vida” como qualquer outro indivíduo.


“Sou quase um cara não tenho cor, nem padrinho, nasci no mundo eu sou sozinho, não tenho pressa, não tenho pano, não tenho dono”. Este pequeno trecho da música mostra um pouco quem é esse homem, e qual a situação que ele se encontra em meio a tantos caos que ele enfrenta. Não tem onde escorar para conta com amparo de alguém. Nada pode ajudar ele em meio a tantas exigências que o sistema impõe sobre a sociedade, este pobre homem não se encaixa nos padrões adequados que as pessoas são submetidas, porém mesmo assim ele não se desespera em meio a tanta nostalgia que ele se encontra.


“Tentei ser crente, mas meu cristo e diferente a sombra dele e sem cruz no meio daquela luz”. Essa é a parte mais forte da música por tocar no tema religião. Quando o homem deixa claro que tentou seguir uma religião, mas não conseguiu se submeter aos preceitos que foram exigidos. Mesmo assim ele acredita na força de um ser superior onipotente, apesar de tanto melancolia que o seu destino reservou para si próprio, ele vê algo em meio à luz que pode mudar sua vida para melhor.


“E eu voltei pro mundo aqui em baixo, minha vida corre plana, comecei errado, mas hoje tô ciente, tô tentando se possível zera do começo e repetir o play”. A música neste pequeno esboço nos leva a pensar que ele saiu de seus devaneios que o acompanhava por muito tempo, as imaginações que roubava a sua paz foram sucumbidas, ele se reconciliou com a realidade e encarou os obstáculos que o mundo impunha a ele de maneira mais vigorosa, e a esperança dele de vencer e conquistar tudo que um homem pode almejar começa a renasce das cinzas falando de uma forma metafórica.


“Não me escoro em outro, nem em cachaça, o que eu fiz tinha muita procedência, eu me asseguro em minha palavra, em minha mão, em minha lavra”. Mesmo reconhecendo que seus planos não deram certos, ele tinha muita convicção do que estava fazendo. Porém ele não culpa o seu destino de ter reservado o constrangimento que era algo inevitável para ele. Nem por isso se refugiou nos prazeres mundanos, também não fugiu de assumir a responsabilidade de encarar a vida dura que o mundo proporcionou a ele.

Portanto em linha gerais a análise feita sobre a música e o personagem da mesma nos leva a pensar em um homem que sofria bastante, mas mesmo assim continuava com a cabeça erguida buscando a sua dignidade. Porém esse é aquele tipo de música que nos ensina às vezes muito mais que um livro, basta fazer uma simples reflexão que iremos encontrar ideias profundas dentro da canção.


O mundo é um lugar onde tudo é possível de acontecer seja para o mal ou para o bem, sempre estaremos submetidos a passar por tudo. Nós não escolhemos nosso próprio destino ele vai se desenhando no decorrer do tempo. Nossas vidas estão sempre em mutação não existe nada parado imutável. As coisas que vão aparecendo no nosso destino nem sempre escolhemos, simplesmente vão acontecendo aleatoriamente. Acredito que essa música veja uma lição de vida que O Rappa que passar para nós através dessa letra muito bem construída, é nítido que foi feita por quem sabe que a vida é cheia de acontecimentos, e resta a nós sabermos lidar com isso. O personagem sensato de a música nos dar uma verdadeira aula de como reconhecer seus erros e nunca pensar que é tarde demais para recomeça.



Sobre o Autor:

Iago Brasileiro

* Graduando do 5º Período do Curso de História da UEG – Câmpus Porangatu

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