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O Brasil de hoje é o local da desesperança

As pessoas que procuram compreender minimamente o Brasil no tempo presente, entram em um verdadeiro paradoxo. Em suma, há um certo desespero para com a conjuntura contemporânea e, o que provavelmente demonstra ser mais preocupante, há uma desesperança para com os tempos vindouros. Não temos perspectiva, não conseguimos viabilizar a construção de novos horizontes, o que se apresenta como novidade pode ser mais catastrófico do que àqueles que conduzem as diretrizes atuais.



Nós nos encontramos na escória, poucos relutam em ter esperança, tantos outros preferem reproduzir o discurso hegemônico, tendo dificuldades para compreender o obvio, ou seja, que as ações dos dias atuais, não está sendo feito para nós, mas, para um pequeno conjunto privilegiado historicamente que, se utiliza de nossas fragilidades cognitivas para explorar, lucrar e se divertir sobre o suor do(a) trabalhador(a) que, hoje iludido, comemora a retirada de seus direitos.


As instituições, principalmente as de cunho jurídico funcionam, porém, o seu funcionamento é sempre igual, com caráter eminentemente seletivo ou, de cunho partidário. A camada política se distancia como nunca dos anseios populares, prestando contas para quem de fato os elege, a saber, o grande capital financiador de suas campanhas. As contrarreformas em curso são um exemplo notório de quem verdadeiramente conduz as diretrizes políticas e sociais do país, quando maior a precarização social, melhor para eles.


A grande mídia, não diferente da ampla maioria do núcleo político, está comprometida, entretanto, engana-se quem pensa que é com a sociedade. A preocupação dos “formadores de opinião” é, exclusivamente com aqueles que veiculam os seus comerciais nesses espaços. Afinal, quando mais lucro tiver o grande capital, mais recursos terá para investir em pomposas propagandas. Se a sociedade padecer, pouco importa, pobre não tem dinheiro para investir em capital midiático, não é verdade? Esse é o pensamento que predomina, em tese, nesses espaços.


A educação, pensada no sentido mais amplo do termo, poderia ser um aporte de sustentação para a construção de novas ideias. Porém, a mesma não passa desapercebida daqueles que ocupam hoje o poder. O sucateamento das universidades, a diminuição de investimentos, o notório saber em algumas escolas e, tantas outras mazelas, fazem parte de um pacto destruidor do que, um dia foi considerado uma possibilidade de educação humanitária nesse país, que se preocupava com a formação humana, para a cidadania e, não para o mercado. Hoje, o que temos como perspectiva é, a educação técnica, podendo ser materializada por meio do seguinte conceito: “Não pense, trabalhe”.


Projetos conservadores tramitam de forma intensa no congresso, como por exemplo, a legalização da destruição do nosso ainda resistente, não sei por quanto tempo, meio ambiente. O aumento no número de morte de ambientalistas. A flexibilização da posse de armas, atendendo aos interesses da bancada da bala e nada mais, por que, não se combate violência com violência, o Brasil apostou nesse caminho e, os resultados são catastróficos.


Indivíduos que se dizem apartidários, ou honestos, se colocam como salvação nacional, aproveitando-se de toda a fragilidade sociocultural existente e, o que é pior, uma parcela significativa da sociedade continua à acreditar em heróis e, em salvadores da pátria, dando margem para esses aventureiros. O dramaturgo alemão, Bertoldo Brecht (1898-1956), em uma de suas mais conhecidas afirmações disse que: “Infeliz a nação que precisa de heróis”.


Não podemos ser ingênuos e acreditar que, com todas essas diretrizes a desigualdade irá diminuir, a tendência é que aumente, aumentando, os problemas hoje difíceis de serem solucionados, inevitavelmente se intensificarão, passando para o patamar de endemias. O quadro atual é desolador, aquele além do tempo presente é, no mínimo preocupante, as nossas esperanças sociais se esvaem.


Porém, diante de tanta desolação, quem sabe a sociedade brasileira consegue se reorganizar, se reinventar enquanto conjunto social e, renascer literalmente das cinzas, construindo um novo país, amando as diferenças, tendo na ética os seus preceitos condutores, lutando para diminuir as desigualdades, pensando além da grande mídia, recusando os ditos heróis, questionando a parcialidade da justiça, encontrando meios para participar ativamente das decisões políticas, lutando em prol de uma educação humana e, tantas outras necessidades. Todos esses preceitos por último idealizados, fazem parte de uma utopia, porém, dizem que é a utopia que nos move. Assim, acreditemos, em nossa capacidade de reinvenção.


Abraço e, boa semana para vocês!.

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