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Ao tempo? Nós!


A muito tempo sobrevivendo e lutando

A muito tempo resistindo as várias dores

Muito tempo, tempo que não volta mais

Incompreensões do passado


Na sobrevivência uma dor

Um sentimento além do medo, e ao mesmo tempo rancor

Vemos as derrotas dos desfavorecidos

Apunhalados pelos próprios irmãos

Por mais que tente, continua abandonado no mesmo lugar

Nossas devoções e esperanças ao nada

A não ser em nós, para garantir mais um dia


Não vejo ninguém, ninguém me vê

Diante da opressão e sofrimento lentamente o tempo não passa

Marginalizados e invisíveis como nós

Ao tempo, insignificantes somos

Nossas lagrimas as vezes intangíveis

Muitas e muitas vezes, insuportáveis

Seja pela família, seja pelo próximo

Seja pela desumanidade imposta por nós mesmos


Durante todo o tempo

Redundâncias pela vida, seguindo a trajetória da linha que é imposta

Tangível ou não, seguimos ela sobre suas imperfeições

Não há sinais, não há horizonte nem direção

As vezes parece não ter linha, parece não ter sentido

Como grãos de poeira em meio tempestade, incomodamos

Por muito tempo ainda sobreviveremos

Incomodamos por existir, e por querer incomodar

A todos insaciáveis por ganância e miséria, o tempo

Ao tempo? Nós!


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