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Eu amo a história


(FOTOS: HEGON CORREA)


A história é uma ciência que precisa ser entendida e compreendida por todos nós, historiadores e sociedade. O título originou-se de uma frase proferida por uma prima minha, Elaine, pedagoga, que mora e trabalha na cidade de Araguapaz, região Noroeste do Estado de Goiás. Instigada pelas imagens que publiquei do antigo Arraial de Ouro Fino, a minha prima analisou e proferiu a seguinte frase; “eu amo a história”. A frase de tão impactante serviu de inspiração para o título desse breve artigo.



Visão geral da Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Fino

Foto: Silva, V. M.



As fotografias, imagens históricas, que produzimos do arraial erguido em terras goianas, em 1726, por Bartolomeu Bueno, quando da sua Bandeira em território goiano. Ouro Fino, distante da Cidade de Goiás cerca de 20 quilômetros e, de Itapuranga, passam dos 115. Local no qual estiveram presentes os Professores Lucas Pires Ribeiro, Sebastião Rafael Gontijo e Eu, quando de nossa visita de estudo e conhecimento nas ruínas desse antigo arraial, que fica encravado no altiplano, ao lado da Serra Dourada, próximo ao arraial do Ferreiro.


Professores Sebastião Rafael Gontijo, Lucas Pires Ribeiro e Valtuir Moreira da Silva

Foto: Silva, V. M.


As marcas e identidades desse local, que serviu de paragens e estada para os garimpeiros e aventureiros, estão presentes nas ruínas, arquiteturas e ações humanas que estiveram, por quase dois séculos, explorando o território goiano em busca do precioso e valioso metal: o ouro.


Impressiona-nos que mesmo após quase três séculos de existência, há exatos 294 anos, os registros das memórias e da estrutura arquitetônica ainda estão presentes naquele local, quando pudemos fotografar, verificar, estudar e presenciar vestígios da ação humana no período minerador a partir do que, ainda resta, das construções da Igreja, Cemitério e casas dispostas em um espaço que era de uma vila, edificada naquele local.


Visão geral da Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Fino

Foto: Silva, V. M.


Além desse passado arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), a partir de 1996, podemos encontrar registros desses caçadores de riquezas em todas as partes com perfurações pequenas no solo, bem como, de enormes crateras que mais parecem um trabalho da natureza em sua feitura do solo. As fontes ainda presentes, a partir dos buracos e escavações que nos remetem aos tempos da garimpagem, podem ser representadas a partir da imagem de um quarteirão de nossas cidades que cabem dentro dos mesmos.


Nosso estudo deu-nos a certeza de que este arraial que ficou edificado e em pé, até a primeira metade do século XX, é marca indelével de que devemos amar a história. Razão pela qual, saímos com a sensação de que as mãos humanas e os registros ali encontrados são demonstrações do papel importante da história, da ciência. Deveríamos amar a história como a minha prima Elaine.


Diante dessa certeza quem sabe conseguiríamos estar com os nossos monumentos e registros de nosso passado mais preservados e melhor entendidos por todos nós. Ressalte ainda que existem detalhes importantes que precisamos estar atentos para esse olhar em relação ao que fora o arraial de Ouro Fino.


Visão interna da Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Fino

Foto: Silva, V. M.


Espaço que fora abandonado como acontece com as áreas de garimpos em tempos de escassez. Houve o abandono do bem material da Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Fino na primeira metade do século passado. Parte do material da Igreja fora transferido para a Igreja Católica de Itapuranga que havia se tornado município, necessitando de bancos, altar mor e outros apetrechos religiosos para sua consolidação como Paróquia Nossa Senhora de Fátima.



Olhar das marcas humanas no arraial de Ouro Fino

Foto: Silva, V. M.


Assim, ao amar a história temos que ter a clarividência de que seja preciso melhor estudar o nosso passado e intentar apropriar-se desses conhecimentos para seguir um processo de aprendizado que nos possibilite, sempre, adentrar nos caminhos da libertação. Quem sabe podemos nos apropriar da afirmativa de Cora Coralina quando disse: “Todos estamos matriculados na escola da vida onde o mestre é o tempo.”.


Frase que está eternizada em uma placa que nos recebera ao chegarmos nas ruínas de Ouro Fino. E que tenhamos a certeza de que não usemos desse passado para escurecer nossos olhares acerca do que vivemos, pois a história não é uma ciência do passado, mas uma ciência do presente que tem um olhar atento e crítico nesse passado, buscando respostas para o que somos e o que vivemos.


Amar a história é compreender o que estamos vivendo e somos hoje, como fizemos nessa missão no antigo arraial de Ouro Fino com nossos registros fotográficos, na interlocução de nossas memórias e produção de sentidos que realizamos em nosso olhar atento e a contrapelo, como nos ensina Walter Benjamin.


Prof. Dr. Valtuir Moreira da Silva

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