As pessoas que defendem e acreditam no estado democrático direito estão perplexas no país do faz de conta. É, é isso mesmo, o Brasil é o país do faz de conta, e fingiu muito bem, porque até pouco tempo acreditávamos “experenciar” à democracia. No entanto, democracia é uma palavra que sempre esteve distante do cotidiano social, porque, infelizmente, nos acostumamos a viver sobre a tutela de rupturas constitucionais.
Hoje as camadas progressistas conseguem compreender por meio da prática que com a elite econômica/dirigente do país não há acordo. O PT antes de ser apeado do poder, procurou caminhar por meio da conciliação, conseguindo, minimante, possibilitar dignidade as pessoas desassistidas, até então, pelo estado. Entretanto, o Partido dos Trabalhadores esteve distante de enfrentar os privilégios dos favorecidos historicamente.
Porém, mesmo sem enfrentar, o PT incomodou, e o incômodo foi tamanho que um grande acordo nacional, envolvendo diferentes categorias sociais, tanto públicas, quanto privadas, se uniram para retirar da esfera política o partido que possibilitou que o pobre tivesse esperança.
Historicamente, o destino do pobre no Brasil foi viver sobre o jugo opressor das camadas dirigentes, quando sua oportunidade de fala era para dizer: “Sim senhor, não senhor”. Embora, resistências sempre estiveram presentes. No entanto, nos últimos anos, o pobre, como nunca antes, teve melhores condições de se autoafirmar enquanto sujeito, quando em detrimento da concordância começou a dialogar, perguntar, e se posicionar perante os donos do poder. Dizeres como: “Não é bem assim”, começaram a fazer parte da regra, não sendo mais exceção.
Diante da consciência da voz ativa e majoritária do pobre, os que de fato coordenam, encontraram mecanismos para destituir quem oportunizou o espaço para a autoafirmação social. No imaginário coletivo do faz de conta, a democracia serviu como subterfúgio para legitimar todas as arbitrariedades intensificada nos últimos anos. Desse modo, seguimos fazendo de conta que acreditamos na funcionalidade das instituições, que à justiça brasileira é paritária, que a grande imprensa é imparcial, que a democracia funciona plenamente, que ninguém está acima da lei, e que a corrupção, agora sim, irá acabar. Esse é o país do faz de conta, e por incrível que pareça têm pessoas que acreditam na fantasia.
Além do país do faz de conta, temos parte da sociedade que adorou entrar no jogo, e hoje legitima e aplaude as ações dos privilegiados. E a democracia, onde fica? Nunca ficou, democracia é, nesse momento, uma utopia no Brasil, uma ideia que paira no imaginário dos campos progressistas, porém sem condições de efetiva-la, a não ser pela resistência ideológica, porque fisicamente o estado é voraz com quem acredita no estado democrático de direito.
Hoje à resistência, e amanhã, e depois? Resistir é importante, mas não é suficiente, enquanto parte comemora, adorando se sentir pertencente, sem ser, é necessário reconhecer que perdemos, e que um novo país precisa ser construído. Como fazer isso? Talvez à desilusão seja, nesse momento, a única e necessária alternativa.
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