
No contexto contemporâneo estamos (sobre)vivendo mergulhados em várias crises, como na política, na econômica, na cultural, ... e entre tantas crises quero refletir sobre a crise ambiental, porque a natureza está sendo afetada diretamente e indiretamente pelas outras crises. A economia, por exemplo, se solidifica no consumismo, sem se preocupar com a extração de recursos naturais, que são finitos, e nos resíduos do processo de produção e/ou gerados pelo descarte rápido dos objetos.
Mas quando a crise ambiental começou? No século XX? Com a Revolução Industrial? Acredito que tenhamos que voltar nos albores da humanidade para entender o início da crise ambiental.
Antes do aparecimento da agricultura, os seres humanos viviam em grupos pequenos como caçadores e coletores, sendo, portanto, nômades. Os seres humanos pré-industriais não tiveram a capacidade tecnológica de organização a combinar ou que dominasse as grandes forças da natureza e então pensou-se que esses viveram em constante harmonia com seu ambiente. Porém estudos recentes mostraram uma realidade um pouco diferente, produzindo a evidência de impacto humano difundido no ambiente com a predação e modificação das paisagens, frequentemente com o uso do fogo. A partir da dominação do fogo desenvolveram-se ferramentas de pedra e armas que contribuíram para o começo da devastação do meio ambiente, como a caça predatória de animais e a devastação das florestas.
Com o início da agricultura, no Neolítico, agravou ainda mais a degradação do meio ambiente com a domesticação dos animais e das plantas, e principalmente com a irrigação. As sociedades humanas pré-industriais influenciaram certamente seu ambiente de várias maneiras discernível em escalas locais e regionais.
Contudo, na segunda metade do século XVIII iniciou-se o processo de industrialização, na Inglaterra, uma das transições mais decisivas na história da humanidade. Em 1850 a industrialização transformou a Inglaterra em uma grande potência mundial por desenvolver inúmeras tecnologias, que contribuíram para uma transformação em todo mundo.
Com a evolução da humanidade e o desenvolvimento de tecnologias, o homem causou grandes modificações ao ambiente natural. Os seres humanos dominaram o meio ambiente, desencadeando desequilíbrios e impactos ambientais em nível planetário, com a queima do carvão mineral, utilização de combustível fosseis e um derivado do petróleo que revolucionou a indústria, o polietileno, um dos principais componentes do plástico.
Assim, durante o século XX, o processo de extração, produção, venda e descarte de produtos não foram estimulados apenas para o bem estar da humanidade, mas sim, uma forma de lucro. Sendo objetos fabricados com baixa durabilidade, processo este chamado de obsolescência programada. Entretanto, mesmo com a baixa durabilidade dos produtos estes não eram vendidos e consumidos na proporção lucrativa esperada, desde modo, os economistas americanos na década de 19(50), sugeriam a obsolescência perceptível. E conseguiram, sabem como? Eles proporão que deveríamos fazer que a nossa felicidade estivesse intimamente ligada com o consumo, e foram bens sucedidos, pois triplicaram as propagandas de TV e nela sempre fazendo comerciais falando de moda, estilo e tendência, e claro rotulando padrões de beleza ligados ao consumo.
E chegamos ao século XXI, uma sociedade extremamente consumista, vaidosa e sem preocupação nenhuma para onde vão os produtos que foram extraídos da natureza, benefícios com químicos e utilizados uma ou duas vezes, para nos manter num padrão social que nem sempre é verdadeiro.
E de que modo aceitamos facilmente a natureza sendo extinta, as obsolescências e a grande produção de lixo? A mídia mais uma vez constrói uma história linda, nós conta e está tudo bem. Se você acredita que está tudo bem mesmo é bom para a leitura por aqui, pois abaixo vou descrever como a mídia nos enganas.
E se você continuou lendo algo te inquietou, que bom. Então, comecemos por parte sobre a extinção da natureza deixa de nossos olhos. A mídia trata água e o solo, por exemplo, com bens renováveis, será? A água de um rio que está eutroficado (poluído) não participa do ciclo da água e um solo que se desertificou não tem como ser cultivado. Então são renovais mesmo? Um bioma como o nosso, o Cerrado, pode até ter parques, ser reflorestado, mais um ecossistema como um todo não restaurará jamais. A mídia nos culpa pelo grande gasto de energia elétrica e água, nos faz viver décadas de horário de verão e fazer racionamento de água, sendo os verdadeiros vilões do desperdício de água o agronegócio com suas monoculturas com pivô central e a energia elétrica as indústrias. Aí sua avó fica guardando água da chuva para lavar a casa, sendo que o gaste de água dele gera um impacto mínimo na natureza.
Prosseguindo, sobre as obsolescências um pouco já supracitei. A TV em todas as suas programações estão “dizendo” que você é feia(o), seu cabelo não é sedoso e seu corpo não enquadra no padrão Barbie ou Ken. Que para você estar dentro do padrão social você tem que estar com os sapatos da estação, o relógio que combina e a última geração da marca de celular da sua preferência. Talvez isso custe três vezes o seu salário, mais não comprar para a mídia e para você e seus amigos significa não estar na moda.
E por fim, tudo que você comprou é usou pouquíssimas vezes vão para o lixo, mais também não precisam se preocupar pois a TV tem uma excelente solução, a reciclagem, os Rs. Mas será mesmo que reciclar é a solução? Penso que mesmo que fosse, será mesmo que podemos continuar extraindo os recursos da natureza na mesma velocidade e frequência?
Mesmo que reciclássemos 100% dos objetos produzidos ainda não resolveríamos o problema da enorme quantidade da produção de lixo. Como afirma a cientista ambiental Annie Leonard “O que vem da nossa casa é apenas a ponta do iceberg, para cada pacote de lixo que deixamos na esquina, 70 outros são criados anteriormente nas fábricas, só para fazer o lixo deste saco que deixamos na esquina”. Deste modo, a reciclagem teria que começar no processo de produção, sem falar dos produtos que não tem como reciclar, por ser um montante de substancias distintas sua embalagem ou composição.
A mídia nos faz algumas vezes produzir mais resíduos com a reciclagem do que diminuir, como roupas feitas de jornais e sacolas plásticas, alguém vai usar? Ou vários porta-trecos, bolsas, e objetos em geral feitas de garrafas pets, de latas de extrato de tomate, entre outros, são objetos que na maioria das vezes são guardados e vão para lixo meses depois com produtos a mais, como cola, EVA e tintas. É tão lindo quando na TV passa a reportagem de uma pessoa que fez uma casa de garrafas pets, “que criativo”, “que legal”, mesmo? Você queria morar numa casa de pets? Pois, penso que um ser humano mora neste local por não ter outra opção. E realmente, isso não é bom!
Um ser humana para morar numa casa de garrafas pets nos revela quantas crises estamos vivendo, e fazendo como a crise ambiental, acreditando na TV.
Temos que nos informar, ler mais sobre o que foi retratado em uma reportagem na TV ou na internet, num programa de TV ou rádio e até em um comercial. Pois, reciclar não é ruim, redução nossos gastos de água e energia elétrica também não, comprar uma roupa nova para se sentir bem consigo mesmo, não é ruim. O que temos que mudar é o velho pensamento de usar e jogar fora, do desperdício e claro, formar uma consciência crítica que questiona as mídias e não formar sua opinião por elas.
Comments