“Poder e violência são opostos; onde um domina absolutamente, o outro está ausente” (Hanna Arendt).
Observando e buscando algumas trilhas para entender o que vivemos em nosso país, principalmente com a chegada de um grupo de extrema direita no poder, patrocinada pelo grupo Bolsonaro, chego à singela conclusão de que estamos vivendo um tempo de tensões. Tenho lido, assistido e ouvido inúmeras análises acerca desta contemporaneidade, tanto de alguns que defendem como daqueles que fazem interpretações críticas da governança bolsonarista no poder. Diante de tensões, inclusive interpretativas, convido-os para que estabeleçamos um diálogo e respeito às diferenças, mesmo sabendo que àqueles que defendem as teses fascistas se quer terão tempo de concluir as minhas digressões.
Penso que não sou daqueles que acreditam na postura de “louco” do presidente Jair Bolsonaro, da tese de que está fazendo um jogo de cena para os seus. Estou convicto que é isso mesmo que todos que estão ao seu redor querem e defendem de fato: um processo de produção capitalista que não seja humano e que se intensifique ainda mais a exploração sobre os mais pobres e excluídos nesse processo.
Essa é mais pura verdade, basta olhar os discursos do grupo que está ao seu redor no poder. Encontramos pessoas que tomam decisões para enfrentar a pandemia saindo do discurso do estado mínimo, mas com foco na manutenção do lucro do mercado financeiro. Defendem a tese de que o “Brasil não pode parar”, que os trabalhadores continuem trabalhando, independentemente se serão contaminados ou não. Alguns chegam a dizer: “Defender o isolamento social é produzir trabalhadores passando fome”. Mas, serão essas as preocupações desses empresários, se preocupam, de fato, com os trabalhadores?
Por isso que existem empresários que defendem que saíamos do isolamento social, pois acreditam que irão morrer os mais velhos, acima de 60 anos. Para eles, a morte desse grupo, tudo bem, pois, ao que parece, veem nossos idosos como um estorvo para a sociedade e para si mesmo, valendo-se da teoria malthusiana.
Tensões estão postas com os governadores que estavam alinhados com o governo federal, grupo de direita, mas ao que parece são democratas, tendo se tornado inimigos do grupo fascista que comanda o governo federal. Basta olharmos as contradições em relação aos governadores do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, São Paulo, João Dória e em Goiás, Ronaldo Caiado.
Em resumo, Jair Bolsonaro, como Presidente da República, não é doido, não deve ser interditado e nem tampouco sofre de alguma doença mental. O grupo que o cerca é sexista, misógino, racista, não acredita na cientificidade e deseja o guetamento dos mais pobres e trabalhadores, princípios balizares do fascismo.
Não se assustem, vamos continuar a ver pessoas batendo palmas e acreditando nesse “mito”, pois é assim que sempre fora com os governos totalitários, quer seja da extrema direita ou esquerda. Faz parte do jogo, no qual os trabalhadores, pobres, velhos e grupos minoritários não passam de estorvos e devem viver nos guetos, recebendo uma política de higienização e desinfestação em momentos de pandemia, em momentos de saúde precária.
Enfim, todo esse processo de tensões criadas pelo governo Bolsonaro é o que deseja para o Brasil, daí estamos vivendo um modelo de fascismo e totalitarismo que encontra apoiadores em todos os grupos sociais, como acontecido na Itália e Alemanha nazifascista, não percebendo que serão os próximos a ser perseguido, algo que já estamos vendo com os governadores que estavam alinhados com o governo até ontem.
Assim é o fascismo em curso com Bolsonaro no poder, teremos que apreender a lutar e enfrentar essa pandemia do poder político, assim como estamos aprendendo a conviver com o coronavírus. Claro, isso tudo se não formos eliminados em nossos guetos antes.
Excepcional o seu texto Valtuir. Precisamos divulgaá-lo, muitas pessoas precisam de luz para se alertar e perceber o massacre desse governo fascista e desumano.