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2019

O ano de 2018 finalmente começou, e a sensação que tenho, ao conversar com as pessoas, é que boa parte deseja que o ano termine logo. Parece um paradoxo, mas, essa leitura inicial pode ser ampliada, se observada for, uma gama de sujeitos que vem sofrendo as agruras dos últimos anos. Para não ficar tão superficial, quando me refiro a esses sujeitos, tenho como campo de observação a classe trabalhadora desse país, tanto do campo, quanto da cidade, assim como os pequenos proprietários rurais, os sujeitos ligados aos movimentos sociais, as comunidades indígenas e quilombolas, os trabalhadores autônomos, os aposentados, e por último, mas não menos importante, os pequenos empresários, que sofrem cotidianamente com a queda na venda de seus comércios, e perdem noites de sono, preocupados com a eminência do fechamento.




Em síntese, o brasileiro de carne e osso, que sofre com o aumento do gás, luz, gasolina, alimentos e outros produtos essenciais para a sobrevivência, anseia pelo término de 2018 e de todos os desmontes sociais que se iniciaram no início de 2016 ocasionados pelo impeachment da presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff. Assim, a utopia de riscar 2018 do calendário e colocar em seu lugar o 2019, passa impreterivelmente pelas eleições de outubro, quando a sociedade brasileira terá a oportunidade de reconstruir o país por via política. Entendo que essa reconstrução atende pelo nome de Esquerda.


No entanto, em momentos conturbados como o tempo presente, é necessário considerar as assertivas defendidas por alguns teóricos, como o filósofo Vladimir Safatle, e o ex-chanceler dos governos Lula, Celso Amorim, que têm levantado a hipótese de que as eleições de 2018 podem não ocorrer, pelo menos no campo democrático, quando a soberania popular possa ser respeitada. Nesse último sentido, tivemos uma decepção, não inédita, com o impeachment, quando 54 milhões de votos foram levados à rodo por poucos milhões de sujeitos teleguiados pela Rede Globo e pelo Pato da Fiesp.


Mas, voltando ao assunto anterior. O grande problema é tentar encontrar um projeto da esquerda para o país. É difícil admitir, mas a esquerda nacional não tem um projeto, há pequenos fragmentos divididos em diferentes camadas do campo progressista. Em momentos como esse, quando ressurge consideravelmente o caráter neofascista da extrema direita, que irá polarizar-se com a esquerda na eleição vindoura, é fundamental um projeto único desse último campo, porque os sujeitos que sofrem, como mencionado acima, anseiam por esse projeto, que lhes traga esperança no primeiro momento, e possibilite a necessária transformação social no segundo.


A partir do início da década de 1980, no denominado mundo ocidental, as bandeiras da esquerda se ampliaram, incluindo temáticas de gênero, questões ambientais, lutas contra a discriminação sócio/racial, bandeiras em prol da descriminalização da maconha, desmilitarização da Polícia Militar, direito a comunidade LGBTQI, e tantos outros temas cadentes, sem esquecer evidentemente da clássica luta à favor da distribuição de renda, diminuindo assim, a desigualdade social. Hoje, é necessário que a esquerda tenha um projeto que englobe todas essas vertentes, e mais algumas que por lapso da memória esqueci de mencionar.


Entretanto, a situação da esquerda nacional, está mais para uma leitura contrária aos projetos neoliberais. Porém, somente se posicionar contrária não será suficiente para se sair vencedora nas próximas eleições, é necessário ter mais audácia, conseguindo levar os sujeitos novamente ao sonho, ao desejo e a utopia. Para isso, um projeto que seja construído junto, e para os menos favorecidos é fundamental. Caso contrário, há um risco eminente da extrema direita assumir novamente o poder.


O desejo de 2018 caminhar mais ligeiro do que o habitual, adentra nessa perspectiva de construção de um projeto por parte dos núcleos progressistas desse país, para isso acontecer, é necessário inúmeros diálogos entre as lideranças sociais com os principais atores desse processo, a saber, os sujeitos que sofrem cotidianamente com o aumento do gás, energia, luz e também dos gêneros alimentícios.


Acreditar em um projeto único da esquerda, algo necessário, é nesse momento um sonho, difícil de acontecer, porque os principais interlocutores desse campo, parecem não estarem com disposição para o diálogo. No entanto, quem anseia com os sofrimentos de outrem, e aqueles que sofrem, não precisam necessariamente esperar as “lideranças” tomarem a iniciativa. Desse modo, por que não assumirmos o protagonismo desse projeto de reconstrução nacional? Fica o convite.


Abraço e boa semana para vocês!.

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