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Entre Dois Mundos: Emoção e Razão

Entre os grandes princípios da filosofia grega, um se destaca, a saber, a ideia da dúvida. Sócrates, considerado por muitos o grande filósofo da Antiguidade se centrava no preceito dos questionamentos das certezas dos outros. No entanto, não é somente a sabedoria filosófica que defende a dúvida como elemento indissociável do sujeito, porque é possível encontrar na sabedoria popular os mesmos ensinamentos. Afinal, de alguma forma todos(as) já ouviram o sábio adágio popular: “Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Transitando por diferentes áreas do conhecimento, o sujeito terá condições de presenciar ensinamentos valorizando a dúvida como mecanismo essencial de vivência, convivência e sobrevivência.


Ter dúvidas faz com que o indivíduo problematize as inúmeras verdades que chegue até ele, e o ato de problematizar, pode não deixar ninguém mais inteligente, mas, no mínimo deixa-o mais prudente. Em um contexto de polarização social/política mais intensa como no tempo presente, a prudência possibilita um acompanhar dos desdobramentos de forma, digamos, menos apaixonada.


No entanto, ter paixão não pode ser considerado um grande problema, porque é um impulso que move o sujeito obstinadamente. O problema é, quando, a paixão suplanta todos os resquícios da razão, ou mais precisamente da dúvida. As grandes revoluções não foram feitas por sociedades dominadas em sua inteireza pela razão, mas por meio de impulsos emocionais, entretanto, sem desprazer a prudência racional.


A razão na maioria das vezes é covarde, a emoção é utópica, e a junção desses dois fatores forma o conjunto social rodeado pela prudência e pela vontade de transformação. Um indivíduo movido exclusivamente por suas paixões, tem uma grande tendência de quebrar literalmente a cara, porém, o sujeito intransponível às emoções, provavelmente, ficará inerte, idealizando que outros façam, o que ele deveria fazer.


Em tempos, como o nosso, caracterizado por “revolucionários online”, é nítido a presença de sujeitos racionais, que não se valem da razão. Como isso funciona? Por exemplo, no campo político, pessoas e mais pessoas reproduzem inúmeras dizeres, criticando ora esses, ora aqueles, colocando tudo e todos em uma mesma sintonia. Essa forma de ler, não compreende que há inúmeros representantes governamentais éticos, configurando uma leitura movida pela emoção, que dependo das circunstâncias, pode migrar instantaneamente para o ódio, e ser ludibriada por oportunistas que prometem resolver todos os problemas por passe de mágica.


Na outra esfera, temos o que pode ser considerado as pessoas racionais, que teoricamente estabelecem problemáticas para as questões que chegam ao cotidiano, se valendo da dúvida como princípio basilar. Porém, as problemáticas que levanta é de tamanha proporção, que quando é necessário uma ação mais efetiva, via mobilizações, por exemplo, o sujeito levanta inúmeras consequências, como perdas/ganhos, ameaças/conquistas, e outras tantas. E por meio, ou melhor, medo das consequências, resolve ficar no lugar que se encontra, mantendo assim, o denominado status quo.


Quem pensa muito, tem uma grande tendência de se acovardar nos momentos que a sociedade, tanto presente, quanto futura, mais precisa. Do outro lado, a pessoa movida exclusivamente pela emoção, quando começa a raciocinar, tem uma enorme chance de se arrepender dos atos, mesmo que muitas das vezes, não admita que se equivocou diante das decisões precipitadas.


Não ser, mas construir um ser racional e emotivo ao mesmo tempo, é um desafio para a sociedade brasileira do século XXI. No entanto, esse desafio é para ontem, e exigirá muito esforço de conciliação entre o ser e eu enquanto conjunto social. Teremos a oportunidade de acompanhar o que estamos construindo enquanto ser, já no dia 24 de janeiro. A emoção anseia por um julgamento político, a razão defende o julgamento jurídico. Que a razão nesse momento possa prevalecer, e à emoção que fique de sobreaviso.


Abraço e boa semana para vocês!.

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