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Foto do escritorCésar Camargo

ESTRANHA LIBERDADE



Na escuridão de nosso tempo “liberdade” pensamos ter

A mercê de nossa vontade, muitos medos nos afligem

Dias e noites sem deixar que nos esqueçamos

Na caminhada pelos campos, nem sempre verdes

Um sopro de esperança ainda nos toca suavemente

Mesmo diante de homens raivosos que cercam e ameaçam

Nossa “estranha liberdade”


O poder e a cobiça estão a cada curva da estrada

Somos o que permitem, e ainda gritamos tal liberdade

“Liberdade” esta que nos torna refém de poucos

É esta “liberdade”, que tanto insistem?

Para perpetuar injustiças?

Para garantir que os pobres não se levantem?

Garantir que continuem escravos do mérito ganancioso?

“Liberdade”, onde acolher necessitados se torna hediondo?

Pobres e humilhados, famintos e desolados

Tornam-se gladiadores do século XXI

Legiões e mais legiões imploram por um gesto de compaixão

Rejeitados a sombras e a escuridão

Definham!


Mesmo diante da barbárie e do extermínio

Nossos corpos continuarão de pé

Mesmo atordoados, precisamos continuar firmes

Teceremos nosso destino

E mesmo sob o meu rosto frágil

Unidos continuaremos

Ao som de uma marcha continua

A derrubar toda a hipocrisia que reina

Caminhemos na direção das florestas, colinas e rios

Onde sonhos deixem de ser sonhos

Onde todo sofrimento imposto será derrotado

Onde os justos e injustiçados prevalecerá

Lamentamos os pecados cometidos

Imploramos perdão aos corpos que sagram

E redenção aos corações que se foram

Pois a “guerra pela liberdade” continua

E “grandiosa é a liberdade” que almejamos


Libertem nossos soldados dos morros e periferias

Tragam os guerreiros solitários das ruas e praças

Tornaremos esta nação justa e gloriosa

E quando este dia chegar

Esta “estranha liberdade” não existirá

Descansaremos por fim, nos verdes campos

Sem o peso da maldade


Sonhar ainda nos resta, adoravelmente mesmo que não acreditem

Precisamos estar próximos, mesmo que distante de nossas crenças

Entre espadas e espinhos, quedas e vaias

Tortuoso e sangrento são nossos caminhos

Nossa busca por redenção e honra são eternas

Sob meu rosto frágil tento permanecer aqui


Minha alma ainda não está livre

Sinto!

Todos que se foram por crueldade e descaso

Por ganância e egoísmo

O sofrimento dos necessitados, me agride

As suas dores me afligem


“Estranha liberdade” que nos prende a tanta injustiça

Isola e nos aprisiona em mundo falso

Amedrontado e sozinho minha batalha não termina

Soldados libertos se unirão?

Os corações impuros não podem vencer


Liberdade para cantar, para caminhar sem medo

Abraçar quem é diferente de nós

“Liberdade” para viver é o que esperamos

“Liberdade” para ser livre!

Ter uma alma livre!

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