Neste mundo caótico e injusto
Suor e sangue nos marcam
Como feridas quentes e expostas
Diariamente um novo corte
Até onde se pode suportar
Acorrentados pela alma
Escravizados na ganância e injustiça
Trabalho que machuca
Rouba seu tempo de vida
Sonhos que não existem
Pela falta do tempo pra sonhar
O trabalho está lá, nuca termina, não foge
A espera em roubar o meu, o nosso tempo
Pelos belos campos verdes floridos
Irrigados pelo suor sofrido de tantos
Aguardando para serem colhidos
Seus rostos se tornam um só
Marcados em brasa ardente
Unidos pelas correntes das injustiças
Nas ruas, nas praças, nas casas
Uma massa desiludida por um futuro melhor
Por mais que insista ainda fere
Nas cicatrizes do corpo
Trabalho que fica grudado na pele
A uma tristeza profunda na alma
Lutamos tanto, pra não merecer nada?
Não conseguimos nada
Tanto trabalho, tantas horas
E as vezes não conseguimos comer
O sal do corpo e o amargo do sangue
Marcas do legado de nosso tempo
Muitas vezes penso em não resistir
Não há o que esperar da vida
Desejos que todos os dias são tomados
Não existe momento ou lugar
Mas qual o valor e o poder do trabalho?
Do trabalho que machuca?
Do trabalho que fica grudado na pele?
Alguém entende ou consegue ver?
Além de nós mesmo?
E o que podemos alcançar,
Neste trabalho que você não vê?
Nossas opções vão se esgotando
Cada vez mais querem
Nosso suor e sangue
Enquanto isto nosso tempo aqui
Aqui nesta terra, vai se esgotando
Tanto trabalho, tanto sofrimento, tanta humilhação
Tanto prazer na vida
Sem poder sentir nenhum
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