Um velho sonho me perseguia
Uma velha ambição me acompanhava
Homens velhos me ensinaram
A caminhar pelas trilhas inesperadas
Na montanha do gigante adormecido.
Quando criança avistava de longe, intacta
Seu semblante sereno e místico pelas noites
Sua força e beleza ao claro dos dias.
Queria sentir a liberdade no alto de teu seio
A imensidão abaixo dos meus pés
Por onde eles passaram.
Me torna mais estranho, diante disso
Saber que serei um destes homens
E que suas trilhas semelhantes as minhas
Continuam ali dormentes a espera de novos homens
Para percorrê-las e marcá-las.
Siga em frente, ouça seus sussurros
Pelo vento a fora, do alto a sentir
No rosto ou nos braços
Na montanha do gigante adormecido
A cada lua cheia que nasce e ilumina sua face
E ainda assim continua a dormir.
Ou nos dias quentes de sol ardente e céu azul
Ou nas chamas que a consomem levianamente
E ainda assim continua a dormir.
Nas tempestades do dia ou da noite
Com os raios e trovões
Caindo em seu leito próximo ao céu
E ainda assim continua a dormir.
Estático em não fazer mal a ninguém
Apenas ali, visto a léguas de distância
A montanha do gigante adormecido
Sinalizando a quem vem a este lugar
A alguém que pretende voltar
Que seu sono profundo continua a nos esperar
E nos vigia deste lado.
Há muito tempo caminhei por suas trilhas
Há muito tempo senti sua brisa
Há muito tempo só observo de longe
A liberdade que senti permanece em mim
Sinto falta deste tempo.
O horizonte aos quatro cantos
Desde o amanhecer, ao desfazer do dia
Sentado mais próximo do céu
Por um instante, achava que estava mais perto
De compreender o mistério que tentamos crer
Sentado ali no alto, meditando em meus sonhos
Na montanha do gigante adormecido.
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