O meio social interfere de diversas formas nas ações dos indivíduos, fato esse muito bem apresentado na obra “O Suicídio”, escrita por Durkheim, na qual, além de analisar o ato do suicídio em si, também considera a interferência do meio social nas ações particulares de seus integrantes, como evidência, defende ser a época de mais conflitos nas sociedades aquelas que as taxas de suicídio aumentaram significativamente.
Nosso cenário social está longe de ser justo, havendo indícios de tal afirmação nos vergonhosos índices de alta pobreza e baixa escolarização, os quais podemos analisar claramente nas camadas marginalizadas da sociedade, que vão de mal à pior, enquanto os prestigiados usufruem de seu bem estar social. Enquanto uns possuem muito, outros nada têm.
A opressão, os desmandos, assim como outros conflitos sociais diários, propiciam ao indivíduo o sentimento de inferioridade e incapacidade com relação a uma mudança no cenário de seu meio social. As questões problemáticas que envolvem seu meio enfraquecem o indivíduo, fazendo dele um ser acomodado e muitas vezes covarde.
Rousseau afirma em sua obra “Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens”, que o homem, em seu estado civil, é inferior tanto física, quanto metafísicamente a ele próprio em seu estado de natureza. Para comprovar a tese, segundo o autor, basta que se coloque dois homens em seus distintos estados, frente a frente. Rousseau defende que na origem da civilização, houve mais massacres e assassinatos do que em todo o período do estado de natureza. Vemos assim, mais um exemplo da influência e consequência do meio social nas ações dos homens.
Assim como é perceptível a relação dos conflitos do meio social com o sentimento de incapacidade e de imobilidade do indivíduo atualmente. Percebe-se, também, a influência do meio nas nossas reações a ele. Marx defende que somos consequências de nosso meio, então, a partir deste conceito, vemos esta influência em vários aspectos desenvolvidos por nós, como os culturais. Analisando a música, e tomando como exemplo, especificamente, a MPB (Música Popular Brasileira) na época da ditadura, a temos como resultado do cenário de opressão vivido na época.
A MPB foi e permanece sendo muito importante para o nosso meio, ela como forma de expressão da revolta contra a opressão, traz em si, a inquietação quanto a necessidade de mudança, transmite coragem e força, além de convocar os indivíduos a lutarem contra a opressão e a favor da liberdade. Temos o gênero musical como um dos resultados da influência do meio social, não só nas ações, como também nas nossas reações a ele, como na canção “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores” cantada por Geraldo Vandré: "Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
Vemos na MPB, a expressão do potencial que possuímos como membros de um conjunto social, da nossa capacidade de reagir ao nosso meio, e de lutar para obtermos mudanças no cenário que se apresenta, cotidianamente, diante de nós. O fato de que o meio social nos influencia é evidente, portanto, cabe a nós, nos analisarmos criticamente e nos conscientizarmos quanto a proporção que esta influência toma em nosso cotidiano e das consequências que advém dela.
É preciso nos interrogarmos: até que ponto estamos nos deixando seduzir pelo comodismo? O que estamos fazendo para modificar o cenário que nos é imposto? E quais são as ações e reações que estamos tendo como membros do nosso corpo social? Com relação as respostas, deixo com vocês.
Comments