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O silêncio



É de conhecimento de muitos e provoca a indignação de poucos à situação dos professores no país. País esse, que padece avidamente a ausência de uma educação libertadora para não sucumbir aos retrocessos que estão cada vez mais próximos da realidade, chegando a comportar como algo surreal. Sem remeter aos discursos que tornaram-se clichê, não pela invalidação de sua essência, mas pela banalização de seus objetivos, insisto em recordar que sem um professor não há outra e qualquer profissão que se desenvolva, e isso é trabalho árduo principalmente daqueles que tiveram o prazer de apresentar as letras e os números.


Muito além de instruir, um mestre das letras abre caminhos e constrói pontes para o conhecimento, para a vida. Mas em tempos de muros, mal podemos enxergar a realidade. Anestesiados por uma morfina a base de twittes e likes, desejamos ter toda informação e nenhum conhecimento, buscamos a inteligência e ignoramos a sabedoria. E assim, dia após dia, ignoramos aquilo que imaginamos não ser nosso problema.


Como esperar dias melhores em um país no qual seus educadores são espancados, enquanto políticos são ovacionados como heróis. Como ter esperança em uma geração que ignora um professor e o humilha ferindo sua dignidade. É revoltante como os educadores da rede pública são tratados em todos as esferas de competência, porém é surreal o silencio dessa sociedade que se vê indignada com um time de futebol, mas não consegue se sensibilizar com um professor. Que amnésia é essa, que faz esquecer que sem um professor não há educação, não há cidadania? Pode se faltar o giz, a carteira, a merenda, as paredes, pode chover ou fazer sol, que sempre haverá alguém acreditando em dias melhores, em pessoas melhores. E esse alguém é o professor.


Espero que esse silêncio não seja rompido pelos gritos de socorro, pelo choro das mães desesperadas, pelos zunidos das balas e pelos gritos de dor. Pois quando isso acontecer, já não poderemos voltar atrás. Aí você pode lamentar ou romper esse silêncio e buscar por dias melhores, pois a esperança ainda vive, enquanto você viver. Espero que a vida seja tão boa quanto sua professora do primário, e se não for, não perca a força, dias melhores virão para todos, pegue seu giz e vá à luta.


Acreditando nesses ideais, e na força de sua transformação, alguns dão a vida por seus alunos, pois esses mesmos acreditam em pessoas melhores, em um mundo melhor, e nenhum sacrifício poderá ser feito em vão.


Diego Gonçalves

Graduando em Direito da Universidade Unisanta

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