César Camargo[1]
Faça-se o jogo senhores
Faça o seu lance
Uma lágrima triste
A cor do ódio
No melhor dos seus dias
Quanto vale um homem morto?
As histórias e os momentos
Perdidos pelo tempo
Saudades que iriam acontecer.
Quanto vale?
Os desencontros deste tempo
De realidade e negação
Sorrisos de crianças,
Amigos e brincadeiras.
Nas escolas, nas ruas e praças
Sua falta se faz notar.
Só quem sabe dizer o quanto vale
Se é, que tem valor
A presença de quem se foi
De qualquer que seja, o amor!
Aquele vazio no peito
Frio desolador
Nada paga!
Quem até ontem estava aqui
E hoje é só lembrança!
Faça seu lance senhores
Aquele, no leito, acamado
Sufocando em tormento
Uma tristeza tamanha
Querendo mais um dia
Perto da família
Apenas continuar a viver
Quanto vale?
Não consigo entender
Talvez ignorância
Pode ser arrogância
Aqui no meu canto
Refletindo minha insignificância
Outros querendo ainda mais os bolsos encher.
Sozinho eu temo
Que nesta tragédia,
não tiremos nenhuma lição
De nossa pequenez, diante da imensidão.
Faça seu lance.
O sol, a lua, o orvalho, uma brisa
A chuva mansa, branquinha
Nos confins do sertão
Alegrias de mais um recomeço
A mudança da estação.
Quanto vale?
Perder tudo isso
Por um simples capricho
De não ter compaixão.
Não é só vida que segue
É o sentimento que se perde
O desrespeito ao sofrimento,
Sofrimento que não se mede.
Na pele dos raivosos
Nada mais importa
A não ser o seu ego.
Faça seu jogo senhores
O desespero dilacerando,
Torturando, esperando.
Aflição que não passa
No leito acamado
Em um sono de luta
Dia após dia.
Um aperto no peito,
Machuca o coração.
Em busca de amparo,
Um pouco de compaixão.
Não tendo opção
A míngua jogado, desesperado
Encostado em uma cama
Pelos cantos seu toque abafa
Suas mãos trêmulas
Sentindo o abraço forte
A morte está ao redor.
Faça seu jogo senhores
Nada mais importa.
O suor de quem envaidece
O sangue doado,
Do trabalho árduo, o tempo tirado
Sem valor, sem amor.
Por migalhas no chão
Quanto vale senhores?
Não fazer o jogo contrário
Tirar um pouco de si
Vocês também esperam por perdão.
Não sejamos covardes
Nesta estrada de hoje
Na luta pela vida
E dos que aqui não mais estão,
Um gesto de carinho.
Por favor!
Estenda suas mãos.
[1] Geógrafo, formando pela UEG, Unidade de Itapuranga.
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