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Relatos de uma vida!



Época de escola, a menina gordinha de aparelho e cabelo bagunçado sofria com piadinhas e comentários ofensivos que, no fundo, afetavam de uma forma absurda, porque a todo momento desejava ser magrinha, de cabelos lisos. Aos 9 anos decidi que não comeria doces, principalmente bolachas e até hoje não gosto, consegui perder peso, conforme fui crescendo o corpo não me afetava, mas o cabelo não estava no "padrão", sempre antes de ir pra aula passava horas alisando o cabelo com chapinha, com 15 anos comecei a selagem e me vi de cabelo liso e enorme, meu sonho, não aceitava nem uma pontinha da minha raiz natural, não queria que às pessoas soubessem que por trás daquele cabelo todo existia muito dinheiro e horas investidos.


Só recebia elogios. Porém, me tornei fútil ao me adaptar a visão das pessoas, sempre "arrumadinha", cabelo 100% liso e quase na linha da bunda, aquilo foi o sonho de toda uma vida. No entanto, com o passar do tempo, quebrando literalmente a cara, me vi obrigada a me reinventar, após perder 10 quilos em meses, percebi que eu mesma não me amava, amava a ideia que os outros tinham sobre mim, mesmo que me destruísse.


Resolvi começar uma transição capilar, que por duas vezes desisti, sempre quando começavam a aparecer comentários negativos, que surgiam de pessoas que achava que me amavam, como, por exemplo, "brigou com a escova?" "Parecendo louca", acontecimento de menos de 2 anos. Foram poucas pessoas que me apoiaram, me mostraram aquilo que realmente queria, e me disseram para não dar ouvido a outras outras pessoas.


Hoje faz mais de uma semana que cortei totalmente a química do meu cabelo (sozinha), e o que mais escuto é "o que você fez no seu cabelo?" "Quer deixar crescer, mas vivi cortando". Se você não entende do assunto não intrometa, cabelo em transição TEM QUE SER CORTADO, e será cortado sempre que me der vontade, porque, afinal, entendo hoje que minha vida: ME PERTENCE! SOU ABSOLUTAMENTE MINHA E DE MAIS NINGUÉM.


Vejo minha infância retornando, cabelo "zuado", acima do peso e de aparelho, e querem saber?! Não me importo mais, sou bonita para os que me conhecem de alma, guardem seus comentários sobre meu cabelo ser mais bonito liso, sobre meu corpo ser mais bonito magro, porque nada disso me define, o meu eu, de dois anos atrás, não me define, lutei contra ideias impostas na minha cabeça para ser quem sou e chegar onde cheguei, hoje digo com propriedade: EU SOU DONA DE MIM!


Texto:

Wey Venâncio

Graduanda do 7º Período do Curso de História da UEG – Câmpus Porangatu

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