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Uma semana muito difícil



33 milhões de pessoas passando fome no Brasil nesse momento, inflação de dois dígitos e taxa de desemprego altíssima, e a grande mídia nem se quer faz críticas ao então ministro da economia, Paulo Guedes. Para não dizer nada, diante de tantos números econômicos ruins, é no mínimo estranho essa falta de críticas. Transparece a ideia de que o país vai muito bem.


Fico imaginando se à frente do governo federal estivesse um presidente do Partido dos Trabalhadores – (PT). Nesta situação, quantos ministros da economia já teriam caídos, derrubados logicamente pela grande mídia brasileira? Alguns com certeza!


Estava assistindo na quarta-feira (15 de junho), o jornalismo da Globo News tecendo críticas ao governo atual por tudo que envolveu a tragédia da morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Críticas legítimas, evidentemente. Em seguida, esse mesmo jornalismo colocou em pauta o seguinte conteúdo: "Tereza Cristina, a aposta do centrão para Bolsonaro crescer". A partir disso o debate entre os jornalistas centrou-se nesse tema, a saber, se a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina poderia trazer votos do eleitorado feminino caso se confirmasse a sua nomeação para vice de Bolsonaro.


Veja a incoerência desse jornalismo, a morte do indigenista e do jornalista por toda a tragédia e a repercussão negativa para o Brasil a nível internacional poderia ser o estopim para se “enterrar” politicamente de vez o presidente Bolsonaro. Mas não, a mídia, em especial a Rede Globo, fazem o possível e o impossível para mantê-lo vivíssimo politicamente. Interrompe-se o assunto mais importante dos últimos dias, para trazer a informação política e alimentar o bolsonarismo com expectativas.


Já não bastasse essa grande mídia ter produzido e sustentado o governo Bolsonaro até aqui, querem mais, e para isso, buscam mantê-lo vivo politicamente pelo tempo necessário. Nada os fazem mudar de ideia. Essa mídia adora criticar o jeito tosco, ignorante e cruel do presidente Bolsonaro, afinal necessitam manter esse discurso, mas ao mesmo tempo é favorável ao que o bolsonarismo entrega a sociedade, ou seja, as privatizações, a crise econômica, a inflação e a fome. A prova disso é que um dos maiores responsáveis pela crise econômica, o ministro Paulo Guedes, permanece intocável pela crítica desta grande mídia.


O triste desfecho no Vale do javari, no Amazonas, que culminou com o fim da vida de Bruno Pereira e Dom Phillips, trazendo enorme dor aos familiares, amigos e uma comoção internacional, deveria ser um basta, especialmente para essa grande mídia, mas também para todos nós brasileiros. As falas do presidente foram repugnantes, tais como: “Esse Dom não era bem-visto na região”, “eram aventureiros, excursionistas”, “a região é muito perigosa”, dentre outras.


Mas como esperar algo diferente, se essa mesma grande mídia naturalizou diversas outras falas do presidente Bolsonaro, quando, por exemplo, ele homenageou o voto ao Impeachment de Dilma Rousseff ao Coronel Carlos Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores da Ditadura brasileira. Naturalizando tantas outras falas cruéis do presidente, principalmente durante a pandemia do coronavírus.


Não podermos esperar muita coisa, se mesmo diante de tudo que ocorreu no governo Bolsonaro a mídia brasileira não se posicionou diferente, tampouco se posicionará. Afinal, como dito anteriormente, são favoráveis ao que o governo entrega a sociedade e têm expectativas e interesses na sua reeleição.


Mas, nós brasileiros não aceitaremos mais os discursos e atos de crueldade, a frieza, a terceirização de culpa, não aceitaremos um Presidente dizer que a morte de duas pessoas desempenhando os seus trabalhos, denunciando e informando a sociedade sobre destruição do meio ambiente, ocorreu porque eram aventureiros, excursionistas e que de certa forma foram culpados pela própria morte. Não aceitaremos mais esse estado de coisas.


É chegado a hora de darmos um basta, de tentar reconstruir a democracia, de recomeçar. Chega de Bolsonaro, de Paulo Guedes e dessa grande mídia da desinformação.




Texto de:

Eurípedes Pascoal*

*Pseudônimo de um cidadão latino-americano

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