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Eleições de 2018 e o Fenômeno do Não Me Representa

Provavelmente, um dos fenômenos mais interessantes à serem observados nas eleições vindouras, esteja vinculado diretamente com a estética da recepção por parte dos eleitores(as). É notório que desde a tentativa de se concretizar de forma efetiva a democracia em solo brasileiro, ideal ruído pelo golpe parlamentar de 2016, a sociedade como um todo nunca estivera tão desacreditada dos seus representantes como no estágio atual.



A desconfiança não está relacionada apenas há um fator específico, mas, existem uma série de conjuntos que se complementam no tocante à influenciar a rejeição, indo muito além das denúncias sobre corrupção. Para se identificar o descontentamento se dispensa às pesquisas dos vários institutos ou, àquelas realizadas pelos meios de comunicação da grande mídia. Para isso é suficiente apenas que, possamos retirar um tempo para conversarmos com as pessoas com quem estabelecemos diretamente relações sobre os nossos agentes políticos e, teremos a oportunidade de presenciar e constatar o fenômeno.


Além do repúdio, uma boa parte da sociedade não consegue visualizar no futuro da política diretiva, ou seja, nos candidatos(as) alguém que lhe possibilite sonhar. O sonho aqui exposto está relacionado com o fato da pessoa acreditar que os problemas centrais da sociedade como, saúde, educação, mobilidade, empregabilidade, segurança, entre outros serão dirimidos por políticas públicas que vão diretamente ao seu encontro. De fato, há claramente uma noção social que pode ser mais ou menos sintetizada por meio desses dizeres: “Sempre foi assim e continuará assim”.


Àqueles(as) que não conseguem visualizar resoluções distantes dos preceitos do núcleo político, se comportarão de forma equivocada se repudiarem a negação majoritária para com esse espectro. O sentido não é do repúdio, porém, o da perspectiva da compreensão, para aí sim, encontrar mecanismos de intervenção perante e diante desses seguimentos desacreditados. Em um país como o Brasil, no qual, a democracia foi escrita com um lápis de péssima qualidade, o descrédito da população para com a camada dirigente traz consigo algumas problemáticas mais agravantes do que as atuais, porque nos deixa suscetíveis aos representantes e aventureiros do ódio.


Esses representantes, se engana quem pensa que há somente um, existem vários em nosso meio, só conseguem criminalizar os mais vulneráveis socialmente, atribuindo à esses a responsabilidade pelo caos social, têm sérias dificuldades cognitivas para perceber que os grupos sociais que eles criminalizam são, na realidade as grandes vítimas de toda essa estrutura histórica que priorizou a manutenção do status quo em detrimento da distribuição da renda.

Assim sendo, possivelmente a negação direcionada a camada dirigente, apresenta-nos no primeiro momento a possibilidade de ascensão dos aventureiros do ódio, quando, terão passado pelo crivo das urnas e, em consonância com esse fator, há a possibilidade de uma recusa mais sistemática de participação popular. No entanto, sempre é importante ressaltar que a participação de forma alguma pode estar relacionada com o ato do cidadão(ã) votar ou deixar de votar, a participação como forma de mudança na vida do sujeito, prioritariamente passa por um processo contínuo, ou melhor, cotidiano. Democracia, não está resumido a votar e esperar que tudo aconteça, por meio de um agente político capaz de solucionar os problemas. Fazer acreditar em utopias é diferente de esperar por utopias.


Entretanto, em nosso estágio atual, uma parcela recua, descrente, incrédula, anárquica, outra acredita em aventureiros do ódio e, por fim, uma conjuntura espera pacientemente por alguém. Porém, essas duas últimas camadas, muito provavelmente será inferior à primeira nas próximas eleições, porque existem setores da mídia e também do judiciário massificando a ideia da não participação popular na escolha de seus representantes(as). Observando atentamente quem são os interlocutores desse preceito, no qual, colocam tudo e todos em um mesmo conjunto, é de se imaginar que suas intenções não são as mais viáveis para a conjuntura pobre desse país.


Evidentemente que existem inúmeros seguimentos sociais que não participarão das eleições de 2018 porque se valerão de diferentes razões. Porém, há um seguimento daqueles(as) que se dizem não representados que, não participarão porque estão sendo conduzidos nesse momento diretamente para isso. Essa constatação é no mínimo preocupante, principalmente se for observado quem está inflando esse processo, reiterando, grande parte da mídia e interlocutores do judiciário.


A não participação nesse último caso já se configura como uma participação, como nos assegura, Paulo Freire, no qual, irá manter intacto os privilégios existentes como causo do primeiro efeito. Porém, para o segundo estágio, existe uma incógnita pairando literalmente no ar. Quais são os interesses? Essa é uma pergunta que nesse momento não tenho condições de responder. No entanto, com a concretização do fenômeno em 2018 poderemos tatear melhor essas problemáticas.


Abraço e boa semana para vocês!

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