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Regras do que é um estupro


Primeiramente, esse texto não se baseará em definir um lado sobre o ocorrido com o jogador Neymar, visa apenas desenvolver pensamentos embasados no ocorrido e as reações esboçadas pela sociedade perante as possíveis acusações, afinal, não se pode pré-julgar quem está falando a verdade sobre as informações, ninguém, além deles, sabe falar com precisão o que aconteceu.


Entretanto, uma ação preocupante que se desenvolveu em torno da polêmica se resume em “o que de fato é um estupro”, e se as pessoas realmente sabem o que é. A internet, como em outros casos, está disponível para que as pessoas expressem suas opiniões, mas, por outro lado, mostra um lado da sociedade que, por sua maioria, não analisa a gravidade dos fatos e sempre leva tudo na “zoeira”.


Uma abordagem principal para evitar um estupro não é o que muitos descrevem como: “é só a mulher não usar roupa curta, beber demais, sair sem a companhia de um homem”, e sim, resumidamente em uma única palavra, CONSENTIMENTO. Todo e qualquer ato sexual sem consenso passa a ser automaticamente estupro! Não existe sexo não consensual, sexo é a relação cujo ambos aceitam estarem ali, a partir do momento que uma das partes não quer já deixa de ser sexo e passa a ser ESTUPRO (estou a repetir tais ideias para que ocorra um entendimento, pois vejo através de muitas opiniões expostas que ainda ocorre uma confusão perante a esse termo).


Em outra perspectiva, existem muitas pessoas que ao se depararem com o assunto sobre estupro criam regras que afirmam um ato, mas distorcem para que o ato seja banal, deslegitimando a vítima, pois inicialmente a mulher queria e no meio do caminho desistiu, mas mesmo assim o companheiro decidiu continuar, sendo assim, para muitos, não foi estupro. No entanto, essa é uma visão distorcida da realidade. O preocupante disso tudo é estarmos em 2019 e as pessoas ainda não saberem ou quererem assimilar o que de fato é um estupro.


Infelizmente ainda existem muitas mulheres que foram estupradas e não sabem que aquele ato foi uma violação. Isso acontece porque diversas vezes há falta de informação, e é um choque para quem descobre, quando através de casos e relatos, que os fatos se assemelham com o que vivenciou e até o presente momento permanecia na “ignorância” do saber definir e distinguir.


Em uma das discussões sobre o estupro no Twitter, o que mais se vê é julgamentos em torno da mulher, como se a mesma não pudesse mudar de ideia durante o ato, ou mesmo antes, o que mostra o nível de retrocesso dentro da sociedade, representado pela objetivação da mulher, pois comparações sobre a conta bancária foram extensas, afirmando que, o acusado de estupro, não precisaria estuprar alguém. Relembrando que, mais uma vez, o definir entre sexo e estupro se conflita, e estupradores podem estar inseridos em qualquer classe social.


A nossa sociedade é extremamente machista, e adora invalidar, reagindo de forma ambígua, quando remete a não julgar os homens, mas simultaneamente julgam a figura feminina com todas as forças, aplicando sempre a presunção de inocência apenas para uma das partes, e dando um spooler, a culpa pelo estupro sempre recai para o lado feminino. Quando um assunto, como esse, é exposto, todos caem cheios de indagações sobre a mulher, verificando a veracidade dos fatos, mas quando o homem se defende e diz não ter praticado, fica tudo por isso mesmo.


Infelizmente boa parte das opiniões, julgadoras, vem de mulheres, e isso demonstra uma carência e ausência de senso de pertencimento por parte das mesmas.

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